1987, o que tem este ano
de especial? Nada..menos para mim.
Tinha 14 anos e já sabia
há algum tempo que a pilinha não servia só para fazer chichi!
Desde os doze anos que os
meus pais já me deixavam sair até uma pastelaria a cerca de cem metros de casa, chamada “Dália”, até ás vinte e três horas, o mais tardar.
Nesta altura da minha
vida, as minhas obrigações e interesses passavam por estudar, jogar à bola,
estar com os meus amigos e ir de vez em quando (ao fim de semana, sempre) à pastelaria.
No final da noite costumava ajudar o Sr António, o empregado, a desmontar a
esplanada (isto no Verão) e como recompensa, o Sr José, o dono, dava-me o tabuleiro
de bolos, que não se tinham vendido durante o dia, que partilhava com o resto
da canalha, minha amiga.
(Se és mais velho do que
eu e te lembras de passar ao fim da noite na pastelaria “Dália” e ver uns putos
de tabuleiro no colo a comer bolos, eu era um deles e a razão de os estarmos a
comer)
Assim foi a minha vida até
aos catorze anos, e continuou a ser, com a novidade de ter ido estudar para
Santo Tirso e ter começado a sair de vez em quando para a “Pedra do Couto”, uma
conhecida discoteca da zona.
Na primeira vez que lá
entrei, apercebi-me da existente de um “Clube”, ou seja, uma área privada, à parte
do resto da discoteca, mais para uma elite, nem que fosse saloia. E nesse
primeiro momento apercebi-me, que a minha camisa de cornucópias, em tons de
castanho, muito bonita e fashion (na altura, a sério), era digna de ser
passeada nesse espaço restricto.
Como fiz isto acontecer?
Fazendo-me de parvo. Característica que persiste, apesar de me esforçar para
que não se faça notar.
Subo as escadas e indiferente
à presença de quem controlava a entrada e saída de pessoas na porta do “clube”,
entro...e sou puxado para fora.
- Não pode entrar! –
diz-me o porteiro.
- Não?! – pergunto com
cara de espanto e mostro-lhe o meu “cartão jovem”. Não me perguntem para que
servia, mas este cartão dava ao adolescente dos anos oitenta um ar de
sofisticação.
O porteiro chamava-se
Silva e para sorte minha achou-me piada. E eu gostei que ele me achasse piada,
porque o Silva era a pessoa certa para conhecer e pela conversa e aspecto era macho,
comentando todo o “rabo de saia” que passava pela porta, deixando-me sossegado.
Fino como o Rato, para
criar empatia com a minha vítima, entrei no mesmo jogo e fui mais além,
comentando de forma babada, mulheres já avózinhas.
O Silva “caíu” como um
patinho!
- Podes entrar! – diz-me
ele, mesmo não fazendo parte de nenhuma lista VIP.
Com o tempo fui conhecendo
as pessoas e quando ia à discoteca já entrava directamente pela porta do
“clube”, sem nunca ter detectado nada distintivo entre as pessoas escolhidas
para entrar por uma porta e escolhidas para entrar por outra!
Apesar de jovem e de fazer
parte de uma “lista VIP”, nunca deixei de ir cumprimentar o Silva, que controlava
a porta interior, mas sem joguinhos, comentando só as “jeitosas”.
Tinha a ideia que fazendo
parte de uma lista VIP, seria mais fácil “sacar gajinhas”, mas não foi nestes
tempos que a minha pilinha deixou de fazer só chichi!