terça-feira, 30 de outubro de 2012

Alteralismo!


Há alguns anos atrás foram editados alguns livros de auto ajuda, que coincidiu com o período em que estive divorciado. Não foi a leitura de nenhum desses livros que me ajudou a divorciar, mas um deles, quiçá o mais famoso, que comprei e depois de ler verifiquei que foi um engano, serviu de ótima prenda para uma amiga desesperada…eu despachei o livro e ela ficou impressionada, pensando que sou uma pessoa sensível à natureza feminina!
Este livro chama-se “O Segredo”, com muitas páginas que se resumem ao seguinte: Não é preciso agir, apenas pensar convictamente e insistentemente no que se quer. Essa vontade é transmitida ao universo e em troca recebemos a concretização do desejo! Neste ritual há uma regra de ouro: nunca pensar no “não” nos nossos desejos!
Discordo completamente!
Neste período, encontrava-me amiúde, no café, com dois bons amigos, que para não serem identificados vou tratá-los com os nomes alterados, são o Tóó e o ZéTóó. Tínhamos conversas animadas e entusiastas. Quem olhasse para nós, pela pinta, pensava, “Estão a falar de miúdas!”…em 98% dos casos tinham razão! E nos 2% que sobravam, quando entrava uma miúda gira, havia pareceres!
Basicamente as conversas pareciam um jogo de futebol português, muito pontapé na bola e pouco tempo útil de jogo! Mas o pouco que havia entusiasmava-nos e era o que fazia os nossos encontros diferentes!
Eu, o Tóó e o ZéTóó, éramos (e somos), pessoas de agir, mas na altura estávamos em estados de maturação e consciência diferentes. O Tóó e o ZéTóó, tinham um primeirinha muito boa, mas a custo metiam a segunda, quanto a mim, talvez pelo divórcio recente, ia metendo as mudanças até me “enfaixar”!
Numa dessas conversas falávamos na influência do meio e dos outros em nós mesmos, mas com segurança afirmávamos que tínhamos de ser o agente principal das nossa vidas! Rapidamente chegámos à conclusão que desde a existência da civilização, muita gente falou e escreveu sobre isto…mas não sabíamos o que lhe chamaram!
Numa mesa de café nasceu o “ALTERALISMO”!
Eu, o Tóó e o ZéTóó, criámos algo que sempre existiu, mas não tinha nome…ou se tinha, desconhecíamos!
Após essa descoberta, no aniversário do Tóó, num restaurante do Porto, com cerca de trinta convidados, o aniversariante, sem aviso prévio, chama-me para declarar ao mundo o “ALTERALISMO”! Tóó olhava para mim como o homem de ação, o “James Bond” do “ALTERALISMO”!
O “ALTERALISMO” tal como “O Segredo”, poderia ser editado em livro com 200 páginas, mas também se resume a meia dúzia de ideias, expostas nessa noite memorável…para o aniversariante (começou a namorar)!
Expliquei que não nascemos etiquetados com a história da nossa vida. Temos de ser o motor dela mesma e assumir o papel principal, avançar e arriscar as portas entreabertas e vencer o medo do caminho estreito! Mesmo quando o que queremos está para além de uma parede de betão e nos “esborrachamos”, voltamos para trás, tristes, mas quem sabe se não ficaram fendas e a parede de betão um dia vem abaixo!
Toda a gente me ouvia com atenção tal, que enquanto discursava, já pensava em criar uma seita e pedir o dízimo! Nessa noite arranjámos alguns seguidores na esperança de que também eles nos ajudassem a entender isso do “ALTERALISMO”!
Entre esta criação (que já existia!) e o “Segredo”, ou sou ALTERALISTA!   

Antonio Machado, poeta sevilhano, do séc. XIX, escreveu, “Caminhante, o caminho não existe, faz-se o caminho ao andar!”. Eu, o Tóó e o ZéTóó, criámos o que já existia, o “ALTERALISMO”!

sábado, 27 de outubro de 2012

Sábado, dia porreiro!


Neste texto, vou utilizar a palavra “cócó” em detrimento da palavra "merda". Significam o mesmo, mas "merda" pode ferir as sensibilidades “cócó”!
Numa vida feita maioritariamente de obrigações e alguns fretes, elejo o sábado como o dia “porreiro”. É neste dia que consigo pôr de lado as atividades obrigatórias e os fretes e convivo com quem quero, e comigo mesmo, e tenho mais tempo para fazer o que realmente gosto…à exceção de alguns afazeres domésticos, que garantem a estabilidade da coligação marido/mulher!
Enquanto há pessoas que para se sentirem bem têm que fazer coisas extraordinárias e várias vezes (portanto nunca ou poucas vezes estão bem), eu tenho a sorte, nestes tempos de crise, de gostar muito de desempenhar atividades gratuitas ou baratuchas, como escrever, lêr (e peço alguns livros emprestados), jogar à bola com o mesmo grupo de amigos há anos, andar de bicicleta,… e de sonhar, conseguir fechar os olhos e viajar no tempo e no espaço! Mas depois abri-los e voltar à realidade.
Este sábado acordou solarengo e eu quase acordei com ele, cedo. Depois de tomar o pequeno almoço, que me garante a sustentação física, e depois de estender alguma roupa, que garante a harmonia no lar e uma refeição quente, é altura do meu passeio com a Carolina, a minha cadela, adoptada numa associação de proteção de animais.
Neste passeio, como de costume, tudo corria bem e como o costume a Carolina fazia cócó e chichi (é verdade, em vez de mijar vou dizer “chichi”)  e como é costume, passeava-me com grande classe!
Numa das pausas da Carolina, para cheirar mais não sei o quê, olho para o lado a ver quem passa. Quando os meus olhos retornam à cadela, ela já não estava a cheirar nada, mas sim a lamber o “cócó” de outro cão! Foi o horror!!!
Por mais liberal que possa ser quanto aos comportamentos caninos e humanos, não me choca ver um cão a sodomizar outro, ver uma matilha numa ramboiada sexual ou até uma cadela com cio a oferecer-se a qualquer cão…mas a minha Carolina a lamber “cócó”, NÃO!
Em choque, o passeio foi encurtado e tomei as rédeas do mesmo e fomos directos para casa!
Em vez de me deitar, sentei-me, porque já estava penteado e custava-me a aceitar a lambidela da Carolina no “cócó”, como deve custar a um pai ouvir da filha de treze anos que está grávida de um puto pobre, ou como me custa desfazer a barba (ainda falam as mulheres de depilação!)! O sábado, o dia porreiro, estava estragado!
Decidi sair de casa e caminhar…fui ao café!
Desfolhava o jornal e parei na notícia que falava no caso do virus de Dengue na Madeira e exclamei:
- Poça, se isto chega aqui?!
A Dona Mariazinha, que estava sentada na mesa ao lado, ripostou:
- Oh Zé, que se lixe o Dengue, pior é se chega ao continente o virus Alberto João!
Esta capacidade muito portuguesa de relativizar as coisas, de que pode sempre acontecer algo pior, de que há sempre alguém a passar por dramas maiores, da-nos um aconchego, um quentinho fofinho na barriga!
A Dona Mariazinha, sem saber, recuperou-me o dia com a sua observação. Fui para casa a pensar, “A Carolina lambeu cócó, mas pior seria ela engravidar estando esterilizada!”.
O sábado voltou a ser um dia porreiro!

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Sportinguista e português, o fado!


Há decisões ou imposições na vida que marcam o feitio de uma pessoa, ser sportinguista é uma delas! Eu sou sportinguista…e por estranho que pareça e por mais motivos que nós leões tenhamos, não mudamos de clube, mesmo que ele acabe! O Sporting arrisca-se no futuro a ser o clube não clube com mais adeptos!
Apesar de ter 38 anos, para entendermos o meu sportinguismo, temos que recuar largas décadas e perceber que um jovem, de nome Augusto, pertencente a uma família numerosa (9 pessoas) da Trofa e todas adeptas do FCP, saiu sportinguista!
Hoje, Augusto, com 66 anos desculpa-se com os “cinco violinos” e a delícia que era ver a equipa jogar, afinada como uma orquestra…e um pormenor de classe, ganhava!
Todas estas histórias me soam estranhas e a custo aceito que falamos da mesma equipa, que cada vez mais se afunda…faz-me lembrar o meu país!
Em tempos o Sporting ganhava e os pobres, apesar dos tempos difíceis, tinham casa, uma horta e uma vaca ou ovelha! Hoje o Sporting deprime, como o país, sem solução e sem gente capaz, e onde os pobres, cada vez em maior número, têm um terraço em cimento, que nada produz, e um carro parado, sem dinheiro para o combustível!
O jovem Augusto é o meu pai e pregou-me uma injeção de sportinguismo à nascença e outra ao meu irmão, apesar de ele aos 6 anos se ter vendido por um corneto e mudado para o FCP, doença que durou até aos 12…mas foi mais vezes campeão nesses 6 anos de adepto do FCP, do que em 30 anos como leão!
Acham-me calmo e sereno, pessoa que ouve, que expõe a sua opinião e aceita a voz discordante. Mas que raio, sou eu e quase todos os sportinguista que conheço, não só fruto de uma educação cuidada, mas por gostarmos tanto de um clube que nada ganha (os torneios pré-temporada não contam)…não nos podemos esticar muito! É como gostar deste país a ser esfrangalhado, há 38 anos, por essa classe nova, a classe política!
Mas o que nós leões queremos é gritar, discutir com razão e dizer “Somos os maiores!”, mas quando penso que é o mesmo que dizer aos finlandeses “Somos o melhor povo do mundo, com os políticos mais sérios e competentes!”, chego à conclusão que o melhor é ser moderado! E assim somos os sportinguistas, reconhecidos por todos como moderados, imparciais e os melhores adeptos…e somos, mas mal dirigidos!
Muitas vezes, às escondidas vejo “O leão da Estrela”, único sítio onde vejo o Sporting a ganhar ao FCP e me dá motivação para dar ao meu sobrinho, de 2 anos e meio, mais um cachecol ou outro leão e juntos repetimos “Sporting!”…mas depois pergunto-me “Será que estou a ser um bom tio?!”, quase como a perguntar se será responsável ter filhos neste país!
A conclusão a que chego é sempre a mesma, um dia quero gritar e discutir que o Sporting é o maior! Quero um dia dizer que Portugal é o melhor país para se viver!
Conclusão, acho que vou ver o Sporting a ganhar um campeonato primeiro!