Neste texto, vou utilizar a palavra “cócó” em detrimento da palavra "merda". Significam o mesmo, mas "merda" pode ferir as sensibilidades “cócó”!
Numa vida feita
maioritariamente de obrigações e alguns fretes, elejo o sábado como o dia
“porreiro”. É neste dia que consigo pôr de lado as atividades obrigatórias e os
fretes e convivo com quem quero, e comigo mesmo, e tenho mais tempo para fazer o que realmente
gosto…à exceção de alguns afazeres domésticos, que garantem a estabilidade da
coligação marido/mulher!
Enquanto há pessoas que para
se sentirem bem têm que fazer coisas extraordinárias e várias vezes (portanto
nunca ou poucas vezes estão bem), eu tenho a sorte, nestes tempos de crise, de
gostar muito de desempenhar atividades gratuitas ou baratuchas, como escrever,
lêr (e peço alguns livros emprestados), jogar à bola com o mesmo grupo de
amigos há anos, andar de bicicleta,… e de sonhar, conseguir fechar os olhos e
viajar no tempo e no espaço! Mas depois abri-los e voltar à realidade.
Este sábado acordou solarengo
e eu quase acordei com ele, cedo. Depois de tomar o pequeno almoço, que me
garante a sustentação física, e depois de estender alguma roupa, que garante a
harmonia no lar e uma refeição quente, é altura do meu passeio com a Carolina,
a minha cadela, adoptada numa associação de proteção de animais.
Neste passeio, como de
costume, tudo corria bem e como o costume a Carolina fazia cócó e chichi (é
verdade, em vez de mijar vou dizer “chichi”)
e como é costume, passeava-me com grande classe!
Numa das pausas da Carolina,
para cheirar mais não sei o quê, olho para o lado a ver quem passa. Quando os
meus olhos retornam à cadela, ela já não estava a cheirar nada, mas sim a
lamber o “cócó” de outro cão! Foi o horror!!!
Por mais liberal que possa ser
quanto aos comportamentos caninos e humanos, não me choca ver um cão a
sodomizar outro, ver uma matilha numa ramboiada sexual ou até uma cadela com
cio a oferecer-se a qualquer cão…mas a minha Carolina a lamber “cócó”, NÃO!
Em choque, o passeio foi
encurtado e tomei as rédeas do mesmo e fomos directos para casa!
Em vez de me deitar,
sentei-me, porque já estava penteado e custava-me a aceitar a lambidela da
Carolina no “cócó”, como deve custar a um pai ouvir da filha de treze anos que
está grávida de um puto pobre, ou como me custa desfazer a barba (ainda falam
as mulheres de depilação!)! O sábado, o dia porreiro, estava estragado!
Decidi sair de casa e
caminhar…fui ao café!
Desfolhava o jornal e parei na
notícia que falava no caso do virus de Dengue na Madeira e exclamei:
- Poça, se isto chega aqui?!
A Dona Mariazinha, que estava
sentada na mesa ao lado, ripostou:
- Oh Zé, que se lixe o Dengue,
pior é se chega ao continente o virus Alberto João!
Esta capacidade muito
portuguesa de relativizar as coisas, de que pode sempre acontecer algo pior, de
que há sempre alguém a passar por dramas maiores, da-nos um aconchego, um
quentinho fofinho na barriga!
A Dona Mariazinha, sem saber,
recuperou-me o dia com a sua observação. Fui para casa a pensar, “A Carolina
lambeu cócó, mas pior seria ela engravidar estando esterilizada!”.
O sábado voltou a ser um dia
porreiro!
Olá.
ResponderEliminarGostei muito de ler o teu texto. Transmite positivismo e reflete um espírito generoso.
Alguém que sabe apreciar as pequenas coisas da vida e de forma consciente, é alguém que sabe viver.
Percebe-se que vives a teu a dia-a-dia com sentido de humor, que é a única forma de encarar as “chatices” que inevitavelmente temos de gramar.
O meu sábado tornou-se um pouco mais porreiro depois de ler o teu texto, principalmente porque também tenho uma cadela, e para grande horror meu, já fez o mesmo que a tua. Levei muito tempo a recuperar. Ainda estou em terapia .
Fico à espera do próximo texto.
Votos de um domingo porreiro.
Olá Teresa, o domingo começou mal, com uma derrota na futebolada domingueira!
EliminarMas depois almocei, bebi meia garrafa de vinho, ouvi a notícia de um sismo, com alerta de tsunami e o domingo compôs-se. Mais sereno, desliguei o cérebro e vi o "Fama Show."
Vou dormir um bocadinho!