Há pessoas que não se
esquecem! Pessoas que, para o bem ou para o mal, interferiram na nossa vida num
determinado momento e deixaram a sua marca para sempre.
Na minha vida uma dessas
pessoas foi a minha professora da primária…a professora Dona Maria Luísa!
Eu não fui à tropa. A maior
parte das pessoas que nasceram em 72 e em 73, como é o meu caso, na altura da
inspecção, passámos à reserva por excesso de contingente. A minha experiência
militar resume-se a um dia e meio de alguma galhofa no Quartel da Constituição!
Algumas cabeças paradas no
tempo podem pensar “ És um menino! Não foste à tropa.”
A verdade é que eu e os meus
coleguinhas da Escola Primária do Paranho, na Trofa, fizemos uma verdadeira
tropa de Comandos, dirigida pela professora Maria Luísa!
Havia Rigor, Disciplina,
Respeito,…, estes eram os Mandamentos do Quartel do Paranho e a Comandante Suprema
era a extensão dos pais na escola!
A geração de 72 e 73, não foi
à tropa, mas foi à escola, se calhar mais importante, e todos nós ainda sabemos
fazer contas e escrever!
Outra lição, esta mais
pessoal, aconteceu no recreio da recruta, quando ao jogar aos berlindes com o
Pedro, este ao perder não me deu, conforme acordado, os berlindes dele! É muito
má a sensação de engano, quando num acordo, uma das partes não cumpre com o seu
papel!
Furioso e na altura gordo,
deixo cair o meu peso em cima do Pedro – Toma que é para aprenderes! – e
deixei-me estar em cima dele durante cinco minutos.
A lição mais importante nestes
anos de recruta, que começou aos seis anos, aplicada pelos professores e pelo meus
pais foi, pensar por mim próprio e não
me deixar arrebanhar, esta foi a derradeira lição de sobrevivência…ao contrário
do meu país!
Por causa dos governantes do
meu país, apetece-me engordar outra vez, ficar muito gordo, um obeso mórbido, e
deixar-me cair em cima deles. E não falo só dos actuais, falo dos sucessivos
governantes que se governaram, a si e aos seus, sem darem rumo e prestígio à
Nação, falhando o acordo da governação séria!
Mas nós também temos culpa, não
soubemos pôr travão e sempre ficamos contentes por termos o record da maior feijoada do mundo, e da
maior omolete, e do maior bolo de chocolate, e do chico esperto, dignos de notícia de telejornal…ou perder dias a
discutir se o Ronaldo é o melhor jogador do mundo ou não! Cá por mim preferia
ser o país dos governantes sérios e do povo com qualidade de vida!
A governação deste país é a
cara da Dona Miquinhas, que não perde uma festa popular, mesmo que não goste do
artista que vai actuar!
Temos ido a várias festas e
perdido tempo naquilo que não nos interessa…uma das últimas, a festa em honra do
Santo Acordo Ortográfico. Vestimos a
nossa roupa de gala, fomos para a feira mas os carrinhos de choque, o rolote
das farturas e o cantor que iria actuar não apareceram…é triste fazer uma festa
sózinhos!
Fomos os primeiros, com
rapidez, a abandonar a nossa escrita…e assim se perde a nossa própria história,
que indica que a nossa escrita vem do latim e muitas outras razões válidas, sem
ser o próprio orgulho, para que não se altere, ou sejamos nós a ditar, por
evolução natural da nossa própria escrita! Alguém quis brilhar e tomámos a
dianteira, como quando fizemos a maior feijoada do mundo, mas os brasileiros disseram:
– Afinal, temos tempo! – e os angolanos:
– Entendam-se e depois aplicamos o acordo! - e os timorenses ponderam se devem continuar, ou não, a ensinar o português na escola!
Outro engano! Semelhante a um
jogo de futebol em que Portugal não escolhe “campo” nem começa com a bola!
Um dia, se calhar, Angola será
a maior potência do mundo Lusófono e irá impor outro acordo ortográfico,
adaptado à forma como eles falam…um dia, em Portugal, vai-se falar crioulo!
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