domingo, 14 de julho de 2013

Saída profissional!

Tive a infelicidade de ser uma criança normal!
Não gostava das aulas, mas gostava do recreio e de aprender; gostava do Dartacão e do Tom Sawyer, andava de fisga enfiada na meia, não percebia porque as raparigas não eram iguais aos rapazes, nas férias brincava de sol a sol, na rua, com os amigos, não percebia o que era a política e o que gostava mesmo… era de jogar à bola.
Novinhos e movidos por esse gosto “de jogar à bola”, eu e os meus amigos começámos a jogar futebol nos “iniciados” do clube da minha terra, o Trofense, ao contrário de outras crianças, estas mais estranhas, que não tendo gosto nem jeito para a bola, juntavam-se em volta de um “líder”, e seguiam-no sem saber porquê, mas tinham o privilégio de colar cartazes! Estes grupos que começaram a proliferar na década de 80, na mesma altura em que apareceram os glutões no detergente da roupa…são as “Jotas”.
Enquanto eu e os meus amigos, sob a orientação dos nossos treinadores, dávamos o máximo em campo pela nossa equipa e sonhávamos ser como os nossos ídolos e ganhar muito dinheiro, os outros, além de colar cartazes, nas reuniões, gastavam o tempo a jogar ao Monopólio. Aprendiam a comprar casas na Rua Augusta e hoteis na Rua do Ouro, a fazer negociatas com os amigos e apagaram a “casa” da prisão e rasgaram a carta que dizia - “vai directamente para a cadeia, sem passar pela casa de partida”! Já nós, se infringíamos as leis do jogo, éramos penalizados. Na minha carreira ultra-amadora de criança, acumulei 2 cartões vermelhos, por agarrar o adversário quando este se isolava. E se o empenhamento durante a semana, nos treinos, não fosse digno, não havia lugar para nós na convocatória, ao contrário das “Jotas”, onde há sempre lugar para todos, nem que sejas retardado…e onde só não aceitam pessoas em estado vegetativo, por não cumprirem o requisito de fazer a cruz, em altura de eleições!
Agora que sou um adulto normal, tenho a infelicidade de ser governado por gente anormal!
Lembro-me de que eu e os meus amigos, como muitos milhares de crianças que jogavam futebol por esse país fora, num qualquer momento deparámos-nos com a realidade que o sonho de ser jogador não sustentava todos, apenas meia dúzia…os mais dotados. Paciência!
Continuámos a estudar e depois a trabalhar e a descontar para um Orçamento, em que parte dele é para pagar os “jobs for the boys”, em português “os tachos”, para os que em vez de obterem uma profissão aprenderam a adulterar o Monopólio e ficaram à espera que lhes dessem um curso…para nos governar!

Jovem, tens jeito para o futebol? Esquece! Queres ser piloto de aviões? Esquece! Queres ter uma vida digna e séria e ser respeitado por isso? Esquece! Convidaram-te para uma sociedade no euromilhões? Esquece! Uma miúda muito rica convidou-te para casar? Esquece! Queres ser padre? Esquece!
Nada é mais certo do que colar cartazes, não do circo que vai à tua terra…mas de um partido político qualquer!

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