Quando o ser humano pensa que
tudo está bem, tem a tendência natural para se distrair e prestar menos atenção
a quem o rodeia. Bem ou mal é essa a nossa natureza…e contrariá-la, só com uma
check-list dos esforços diários que devemos fazer, um pouco como verificar o
óleo e a água do nosso carro que já tem uns anitos!
Estando eu no 2º round da vida
marital com a mesma pessoa do 1º (garantindo-me entrada directa para o céu),
pensava que tinha aprendido com os erros de defesa do 1º assalto e melhorado a
esquiva…e relaxei!
Perante isto, sou abordado
pela Cristina, que teima em levar o casamento até ao ultimo assalto,
levantando-me quando estou “adormecido”, para que eu não perca por KO. O
casamento é uma luta, que nenhum dos intervenientes deveria querer perder!
- Não temos vida social! – diz
ela, prosseguindo – Estamos fechados em nós mesmos, numa redoma! Temos que
socializar!
A Cristina tinha razão, e
estas palavras depois do jantar numa noite de verão, fizeram recuar a minha
memória de forma pachorrenta para a tarde desse mesmo dia, em que encontrei um
dos meus raros bons amigos…que raramente o vejo!
- Então Miguel, tudo bem? Já
não te vejo há algum tempo, onde tens parado? – pergunto.
- No Facebook. – responde-me.
- Aonde fica? O pessoal pára
lá? – pergunto, pensando que o Facebook é um café ou um bar novo!
- Pára lá toda a gente. – diz
o Miguel
- Mas o bar não tem porteiro,
para fazer selecção?
- Porteiro? – exclama o
Miguel, sem estar a perceber o sentido da conversa.
Depois de desfeito o mal entendido,
o Miguel explica-me o que é o Facebook e qual o seu uso. Sem saber, eu e a Cristina
estávamos encarcerados no passado e o meu raro amigo “abriu-nos a porta”.
Desperto da memória da tarde,
e regressado à mesa de jantar, penso nas palavras que ouvi da Cristina.
Ultimamente temos estado com
as pessoas de família de quem mais gostamos, jantado uma vez ou outra com
amigos e abusado no nosso espaço exterior com umas churrascadas rodeados de
gente…temos convivido, vemos e sentimos quem mais gostamos, ou
seja…envelhecemos jovens e sem vida social.
Perante este cenário, para recuperar
as vivências e aguentar mais um round matrimonial, abdiquei da pintura do carro
e com o dinheiro para ele destinado comprei outro computador!
No sábado à noite dessa
semana, eu e a minha senhora regressamos à vida social activa, ela na sala e eu
no escritório, cada um no seu computador, fizemos “likes” e comentários e vi o
Miguel…e toda a gente!
Neste momento já temos amigos
que nunca os vimos, partilhamos coisas e somos parte integrante desta rede
social, que nos deu uma vida e pujança para os restantes rounds
matrimoniais…apesar de raramente ver a Cristina, mesmo estando sentada ao meu
lado, cada um com o seu computador, em prol de uma vida social!
Gostei Zé, está muito bom
ResponderEliminarSaudoso abraço
zé bento machado
Muito obrigado! Um grande abraço!
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