domingo, 9 de fevereiro de 2014

Alerta vermelho.

Sexta-feira, pós jantar. Enquanto via o noticiário, sempre com as mesmas notícias, sem nenhum desenvolvimento, que me fazem pensar que o Mundo parou na parte pior do “filme” eis o boletim meteorológico, “Para todo o fim de semana mau tempo, alerta vermelho e laranja para todo o país e todas as barras de portos de mar fechados à navegação.”.
Este estado de “nada de novo”, não me surpreende e como ser básico da raça humana que sou, nada me afecta, nem o mau tempo, porque todo o meu pensamento estava concentrado para este fim de semana mágico, que se repete há já muitos anos. Sábado à tarde, futebolada com os amigos e domingo de manhã, futebolada com os amigos…nada mais espectacular!
Quase no final do telejornal, a Cristina, minha senhora, entra na sala e, como uma cientista atenta aos fenómenos da natureza que prevê um Tsunami e alerta a população, avisa-me:
- Morzinho, o período está para me vir!
Este alerta é dado com meiguice, porque ela sabe que os próximos dias o ser pouco racional que uma mulher consegue ser vai desaparecer. Perante esta notícia todas as sirenes de perigo soaram e o verdadeiro e temido alerta vermelho foi dado. Pensei um palavrão e disse:
- Pronto Cristina, fizeste bem em alertar. Prometo que vou ter paciência contigo e não te deixo!
Toda esta frase soou-me a grande mentira, porque a minha vontade era desaparecer por uma semana, a forma mais fácil de aguentar uma mulher nestas condições! Tinha que fazer algo e ia ser nessa noite mesmo!
Mais tarde, quando nos deitamos, mesmo não sendo crente, mas quando o desespero aperta, agarramos-nos a qualquer coisa, rezei a todos os santos que existem e até inventei mais alguns a quem pedir ajuda com as minhas orações. Rezei ao Santo Edmundo do Paranho, à Santa Clarisse da Abelheira, ao São Tone de Finzes e à Santa Natália de Valdeirigo, dona da tasca onde costumo ir com os amigos, sábado à noite, como quem vai à missa, depois do futebol!
 Sábado de manhã, acordo e a Cristina ainda dorme. Aproximo a minha cabeça da dela e a respiração lembra-me o assobio de uma brisa que corre pelo mar a anunciar uma tempestade. Pelo sim, pelo não, volto a rezar e quando me apercebo que a Cristina está a acordar, salto da cama e vou para a cozinha. Dez minutos depois, regresso ao quarto e ela já estava desperta e sentada na cama e… nitidamente possuída pelo castigo que Deus aplicou a Eva por esta ter comido a maça…o período!
- Morzinho, olha o que preparei para ti! O pequeno almoço! – digo eu, com paninhos de lã.
- Não fizeste mais do que a tua obrigação. – responde-me autoritária, não deixando dúvidas sobre o seu estado.
Pousei a travessa com o leitinho e a torradinha, preparados com todo o cuidado, a medo, à beira dela.
- Então?! – pergunto, como quem quer fazer conversa, para dispôr bem.
- Então, o quê? – responde-me, como quem não quer conversa nenhuma.
Ela começa a tomar o pequeno almoço e eu, como um vassalo, deixo-me estar à porta do quarto, à espera de ordens, até que:
-A TORRADA ESTÁ QUEIMADA E O LEITE ESTÁ MUITO QUENTE. DESAPARECE.

Esta última palavra foi “doce” para os meus ouvidos…e desapareci por uma semana. Quando cheguei:
- Aonde foste Morzinho?
- Fui ali, tomar café. – respondi.

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