domingo, 1 de março de 2015

A racionalidade tem limites

Quinta feira, hora de jantar, estamos na sala da casa dos meus pais. Eles, eu, o meu irmão e o filho deste, o Gonçalo, meu sobrinho de quatro anos e dez meses ...as esposas nesta noite não estão presentes. Esta reunião familiar, desde que casei, fui o primeiro, realiza-se duas vezes por semana, forma de estarmos juntos. Geralmente a televisão perde para a rádio, que a minha mãe sintoniza numa estação, onde passam músicas bonitas, segundo ela, porque no Telejornal só passam desgraças, a não ser que num qualquer canal esteja a dar um filme com cãezinhos e gatinhos! Lá em casa, além de sermos todos Sportinguistas, gostamos muito de bicharada!
Por entre conversas da actualidade e outras meramente banais, mas as mais importantes, porque são as nossas, o meu irmão diz, que no carro, à vinda para o jantar, passou a notícia na rádio de que o Sporting tinha perdido a 1ª mão da Liga Europa com os alemães do Wolf... não sei das quantas por 2-0 e imediatamente desligou o rádio.
O filho, meu sobrinho, com o clube ainda não muito bem definido, apesar dos chapéus e camisolas do Sporting que lhe dei e quando fica em minha casa a dormir eu lhe repetir ao ouvido, quando já está num sono profundo, “Sporting, Sporting,...”, e por influência de terceiros que o tentam desviar para clubes que não interessam, não tendo em conta o alto interesse da criança, como a adopção gay, em que nunca ouvi falar nas vantagens e do bem das crianças a adoptar, não pode nem deve ouvir notícias com as palavras “Sporting” e “Perder”, para evitar associações como o cão de Pavlov, que ao ouvir a campainha, baba-se.
Hoje, domingo, dia de Porto-Sporting.
Telefono ao meu irmão que me pôs à conversa com o meu sobrinho:
 - Gonçalo, ora diz Sporting! – peço-lhe
- Sporting, tio, Sporting!
Do outro lado da linha ouço a minha cunhada:
- Ora diz Porto, Gonçalo!
- Porto, Por...
- Não, Gonçalo! É Sporting... – insisto.
Num mundo cada vez mais perigoso, cada vez mais desapaziguado, com os casos extremos de jovens a fugir da Europa, para se filiarem no EI, era o que faltava o meu sobrinho filiar-se num clube que não seja o Sporting! Combinado com o meu irmão, e inspirados no filme “Goodbye Lenin”, vamos criar um mundo que já não existe!
Logo à noite, os três, eu , o meu irmão e o Gonçalo, em vez do jogo verdadeiro, vamos ver uma gravação do jogo Porto- Sporting, realizado a 27 de Janeiro de 1946, que serviu de inspiração para o filme “O Leão da Estrela”, com resultado favorável ao Sporting (2-3); na quarta feira, vamos ver o Sporting-Apoel, jogado em 13 de Novembro de 1963 (resultado, 16-1 para o Sporting) e vamos dizer ao Gonçalo que é a meia-final da Champions, no próximo domingo vamos assistir ao saudoso jogo de 4 de Dezembro de 1986, entre Sporting-Benfica (7-1, para o Sporting) e vou dizer ao meu sobrinho que passamos para o primeiro lugar do campeonato e para, de uma vez por todas, cimentar o sportinguismo do Gonçalo, na quarta feira dessa semana vamos assistir à Final da Taça dos Campeões Europeus 1966-67, ganha pelo Celtic de Glasgow ao Inter de Milão. Como o Celtic veste de verde e branco, facilmente passa como sendo o Sporting. Eu e o meu irmão já combinamos uma hora com um grupo de amigos, para passarem na rua a buzinar e a gritarem pelo Sporting.
Nessa quarta feira, o meu sobrinho, vai participar pela primeira vez ( o pai e o tio também) na caravana que festeja a Liga dos Campeões Europeus ganha pelo Sporting!

O cão, ao ouvir a campainha, vai deixar de babar-se e começar a uivar e a ferrar!

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