Adélio Dani é
matriculado e começa a frequentar as aulas na faculdade de Economia enquanto os
pais mantêm as suas actividades. Augusto sai todos os dias para o mar e Dália
para o mercado de peixe e o sol todos os dias nasce atrás da estação de
Campanhã e põe-se por trás da casa do Angelino.
Adélio Dani é levado
para a Faculdade, na alcofa, pelo seu grande amigo Rubi, que também transporta
os livros escolares numa pasta pendurada no seu lombo. Graças a Rubi, Adélio
Dani nunca falhou uma aula e chegava sempre a horas. A integração que à partida
se poderia supor complicada, devido ao feitio especial dos hiperdotados, foi
fácil e rápida, em que a praxe e as festas académicas foram um bom incentivo.
Rubi como fiel e bom amigo, nunca bebia nas festas, para que o seu pequeno dono
pudesse usufruir à vontade dos excessos naturais do arranque da vida académica.
Adélio Dani apanhou a sua primeira bebedeira às seis semanas de vida, ao início
de uma noite de concerto dos “Xutos” e apanhou o primeiro coma alcoólico nessa
mesma noite, no intervalo do concerto!
A vida académica
decorria normalmente, quando no final do primeiro ano, Adélio Dani tem um teste
de fogo. Um exame de apenas uma pergunta de desenvolvimento, que se traduzia no
seguinte: “A teoria Marxista e a sua aplicabilidade nos tempos actuais.
Desenvolva.”
O teste é distribuído
por todos os alunos. Quando Adélio Dani recebe a folha do teste, mete-a no meio
das suas pernas. Durante o teste, a criança obra diarreia de forma fluída, que transbordou
da fralda para a folha do teste. No final do tempo regulamentar, o professor
recolhe todos os testes.
Após a recolha, o
Professor Doutor ficou curioso relativamente ao teste de Adélio Dani, por dois
motivos. O primeiro porque nunca tinha corrigido o teste de um hiperdotado e o segundo
devido ao cheiro da folha do teste. Corrigiu-o de imediato e ficou assombrado
com a inteligência do petiz, que sem palavras conseguiu explanar toda a
porcaria que é preciso para aplicar a teoria marxista nos tempos modernos do
mundo ocidental. Com distinção passou para o segundo ano!
Com pouco mais de dois
anos de idade, Adélio frequenta o segundo ano na Faculdade de Economia. Augusto
todos os dias sai para o mar e Dália para o mercado de peixe e o sol todos os
dias nasce atrás da estação de Campanhã e põe-se por trás da casa do Angelino.
Eis que a meio do ano
lectivo, algo de trágico acontece na vida académica de Adélio Dani. É apanhado a
copiar num teste sobre “As finanças em Portugal”. Implacável, o Reitor chegou a
pensar em ponderar a expulsão de Adélio Dani da faculdade, pondo em alvoroço
toda a população estudantil, mas desistiu da ideia porque só ia arranjar
chatices ao ter de expulsar metade dos alunos…no mínimo!
Passado este episódio,
Adélio Dani vai passando de ano em ano enquanto uma parte, cada vez mais
considerável, da população estudantil continua a copiar, Augusto todos os dias
sai para o mar e Dália para o mercado de peixe e o sol todos os dias nasce
atrás da estação de Campanhã e põe-se por trás da casa do Meireles, após o
incêndio que destruiu a casa do Angelino.
Eis que ao fim de
cinco anos de estudos chega o grande momento. Adélio Dani, o hiperdotado, com
apenas cinco anos e meio, entra no palco do anfiteatro da Faculdade de
Economia, com o amigo Rubi a seu lado, para apresentar o seu trabalho de fim de
curso perante uma plateia cheia, onde se encontram os pais Dália e Augusto e o
tio Narciso, todos de papo cheio de orgulho.
Adélio Dani, com a sua
voz de criança, inicia a apresentação do trabalho: - Olá, eu quero uma
semanada! – E desata a chorar baba e ranho, por estar num palco tão grande e
perante tanta gente.
Os pais, perante esta reacção pouco esperada de um
hiperdotado, encolhem-se de vergonha e olham de cabeça baixa para toda a gente,
à espera de reacções. Silêncio total, não fosse o berreiro insistente de Adélio
Dani, agarrado ao seu fiel amigo Rubi, até que da assistência se levanta um
senhor de meia-idade, que aplaude!(continua)
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