sexta-feira, 16 de novembro de 2012

National Geographic.


Desde que me lembro como pessoa, sempre gostei muito de animais, mesmo daqueles mais feios, que de tão feios até os acho bonitos…só não gosto da classe de animais que deseducam as crianças e maltratam os outros animais!
Mas os que mais me fascinam, apesar de não darem ao rabo, nem me lamberem a cara, são as aves. Apesar de ter os pés bem assentes na terra, ao observá-las, sinto-me a kms do chão e deixo-me levar…mas rapidamente me perco no meu voo sonhador! Aí me pergunto”Como é que elas atravessam continentes, sem se perderem?!”.

Esta pergunta foi o gatilho para um estudo que fiz para a National Geographic, sobre a passarada que vive e que atravessou Portugal nas últimas décadas.
Convém esclarecer que as migrações são fenómenos voluntários e intencionais com carácter periódico, com o objectivo de encontrar alimento e boas condições meteorológicas (este parágrafo é plágio).
No séc XX, até à década de setenta, a ave mais comum em Portugal era o Tuga Manso, de penugem negra e cinzenta, que se reproduzia em larga escala. Curiosamente, ao contrário das outras espécies de aves, na altura das migrações, apenas uma parte da população Tuga Manso migrava, tendo como principal destino as terras de França e Alemanha, ou então atravessava o Atlântico para o Brasil ou Venezuela, baralhando completamente os cientistas que estudavam as rotas migratórias. A ave Tuga Manso, ao contrário das outras espécies, não migrava em grupo, nem para o mesmo sítio, com a bizarria de que as aves que se instalavam em França, ficavam com um chilrear estranho!
Em meados dos anos setenta, um parente próximo do Tuga Manso, que tinha iniciado migrações décadas antes para países da costa africana, faz um voo de retorno a Portugal. Refiro-me ao Tuga Manso Africanus, uma ave com penugem de coloração mais clara, que devido à falta de alimento e destruição dos seus ninhos por parte da passarada autóctone africana, foi obrigada a “dar à asa”!
Durante as décadas seguintes instalam-se em território nacional as espécies Tuga Manso, Tuga Manso Africanus e o Mocho Africano, espécie autóctone de África, que perseguiu o Tuga Manso Africanus, e o sempre presente desde há séculos em território português, o Melro Cigano, com um “cucurruuuu!” de fazer inveja por esses galhos fora!
Com o passar do tempo as duas primeiras espécies misturam-se, constroem os seu ninhos e continuam a procriar, enquanto o Mocho Africano penica como pode, e o Melro Cigano aproveita a ausência do Tuga Manso para ir comer ao seu ninho.
Na segunda metade dos anos oitenta e durante toda a década de noventa, ventos fortes vindos do centro da Europa, empurravam consigo sementes que pousavam em território dominado ainda pelo Tuga Manso. Atrás deste vento que carregava alimento veio a mais famosa ave de rapina de leste, o Falcão Ucraniano e passado não muito tempo a ave necrófaga, o Abutre Romeno.
Na viragem para o novo milénio, todas estas espécies de aves engordavam em Portugal à custa das sementes trazidas pelos ventos, que entretanto deixaram de soprar.
Cientistas famosos, como Cavaco Silva, António Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes,…e José Sócrates, sabendo que os ventos não voltavam, irresponsavelmente deixaram o Tuga Manso comer todo o alimento de forma descontrolada e sem garantir aprovisionamento! O Mocho Africano, o Melro Cigano, o Falcão Ucraniano e o Abutre Romeno, à falta de alimento têm sempre o Tuga Manso para bicar e este ao ficar sem recursos não tem outro remédio senão bicar outro da sua espécie!
Tuga Manso fica sem alimento, interage e relaciona-se com as outras aves mas já não procria. Está gordo… e dificilmente consegue voar… e para piorar a situação, em 2011 aparece um novo predador, o Coelho, que se movimenta a Passos largos. Os Coelhos aproveitam-se da fraca mobilidade dos Tuga Manso para os sodomizar. Assustados, os poucos que conseguem levantar voo, aproveitam para migrar enquanto têm o rabinho honrado, para destinos onde pensavam nunca mais voltar.
Em 2012, já não existem Tugas Mansos em território português. As outras aves penicam os restos que ficam e apanham outros ventos que transportam sementes para outros países!

Estamos em 2020, o Tuga Manso é uma ave rara que só existe em cativeiro, nos jardins zoológicos de Pequim e Luanda, e em Portugal a única forma de vida é agora um Coelho, que se diverte com um Tuga Manso insuflável!

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